Dependência emocional: quando o afeto vira aprisionamento

Você já se pegou sentindo que não consegue viver sem alguém? Que suas escolhas, seu humor e até mesmo sua autoestima parecem depender do olhar ou da aprovação do outro? Esse é um dos sinais mais comuns da dependência emocional.

Na vida, é natural precisar do outro — afinal, nascemos em uma relação de cuidado. Mas quando essa necessidade ultrapassa a medida, podemos acabar presos em vínculos que mais sufocam do que acolhem.

O que é a dependência emocional?

Na psicanálise, compreendemos que os vínculos afetivos se formam a partir da nossa história, das primeiras experiências de amor, cuidado e também de falta. A dependência emocional acontece quando buscamos no outro uma completude impossível — como se ele fosse capaz de preencher todos os nossos vazios internos.

Isso pode se manifestar em:

• Relacionamentos amorosos em que a pessoa não consegue se afastar, mesmo em situações de sofrimento.

• Amizades que exigem constante validação e contato.

• Ambiente familiar ou de trabalho, quando o desejo de agradar e não decepcionar toma conta.

Por que é tão difícil romper?

O medo de perder o afeto, de ficar só ou de não ser suficiente pode prender alguém em relações desequilibradas. Muitas vezes, a pessoa sente que sem o outro ela deixa de existir. É como se a própria identidade estivesse amarrada a esse vínculo.

Caminhos possíveis

Romper com a dependência emocional não significa deixar de amar ou de se relacionar. Pelo contrário: significa aprender a se reconhecer como sujeito, capaz de desejar, escolher e existir para além do olhar do outro.

A psicoterapia psicanalítica é um espaço onde essa história pode ser revisitada. Através do processo analítico, é possível compreender de onde vem essa necessidade, elaborar as faltas e construir relações mais livres e saudáveis.

Para refletir:

• Suas escolhas estão mais ligadas ao que você deseja ou ao que o outro espera?

• Você se sente capaz de ficar sozinho(a) sem se sentir vazio(a)?

• Em seus relacionamentos, existe espaço para a sua singularidade?

A dependência emocional não é uma sentença, mas um convite a olhar para dentro e descobrir novos modos de se relacionar consigo e com o outro.